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28 de abril de 2020

Carteiras que vão bem mesmo no vendaval atraem novos investidores

A lista de fundos que mais ganharam cotistas em plena pandemia inclui alternativas consideradas de proteção, como os portfólios de ouro de algumas gestoras de recursos.

A lista de fundos que mais ganharam cotistas em plena pandemia inclui alternativas consideradas de proteção, como os portfólios de ouro de Órama, XP Investimentos, BB DTVM e Vitreo, e também carteiras que tiveram bom desempenho, como os multimercados da Ibiuna, da Claritas e os quantitativos da Giant Capital. O investidor deu ainda seu voto de confiança para nomes de referência, como a Dhalia Capital, Real Investor e Forpus, para citar apenas alguns exemplos.

Diferentemente de outros gestores que ganharam dinheiro por estarem com um visão pessimista, a Ibiuna começou o ano com uma carteira pró-ativos de risco, conta Caio Santos, sócio responsável pela área de relações com investidores. Depois de navegar bem os movimentos de política monetária do fim de 2018 para cá, alguns eventos em janeiro começaram a acender o alerta. A tensão entre Estados Unidos e Irã, após forças americanas executarem o general Qasem Soleimani, e o início da covid-19 na China podendo comprometer a atividade econômica no país asiático e o preço das commodities foram alguns desses sinais.

Quando detectamos o aumento da volatilidade, reduzimos a exposição a índices de bolsa e passamos a carregar posições que funcionassem como ‘hedge’ (proteção)”, diz Santos. A parcela no S&P 500 foi compensada com aposta na queda nas taxas dos “Treasuries” (títulos do tesouro americano), sob a leitura de que se algo pior acontecesse, haveria um reposicionamento do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos).

O que tinha comprado em Ibovespa era contrabalanceado com o dólar contra o real. Mais próximo ao Carnaval, o que era estratégia de proteção virou posição. “Desde então, ficamos ‘zerados’ em bolsa e não voltamos ainda.” Só o Ibiuna Hedge STH ganhou 5,1 mil investidores desde 21 de fevereiro, segundo a Economática.

Num multimercado de volatilidade mais baixa, a Claritas tem observado fluxo do investidor institucional e do que vem pelas plataformas digitais, diz o gestor Damont Carvalho, que credita o ingresso de 3,9 mil cotistas à performance do macro. Segundo o gestor, o “hedge” e a rotação feita para um cenário de crescimento menor funcionaram.

“Não tinha ainda a pandemia, a doença parecia circunscrita à China, mas jogaria o crescimento global para baixo, afetando commodities e moedas emergentes, com juros provavelmente mais baixos.” O dólar contra uma série de moedas, incluindo o real, foi um dos posicionamentos.

E se o mundo não acabar…

No mundo da renda variável, a Real Investor atraiu cerca de 4,3 mil cotistas. “Fico muito contente porque o investidor verdadeiro investe quando as coisas estão baratas”, diz Cesar Paiva, sócio-fundador da gestora. “A gente sempre foi muito vocal na filosofia de buscar boas empresas com potencial de valorização no longo prazo. No momento de crise, se o mundo não acabar, temos a chance de comprar participações em companhias com 40% a 60% de desconto em relação ao começo do ano.”

Paiva cita que não antecipou a gravidade da crise, mas que sempre faz o “arroz com feijão” bem feito, sem tomar risco demais, sem alavancar e privilegiando empresas de diferentes setores que sejam bem geridas a preços bons. A casa também costuma carregar caixa e em janeiro, o fundo tinha o equivalente a 16% em títulos públicosEsse colchão foi reduzido para aproveitar as barganhas em empresas lucrativas, com baixo endividamento e caixa, em setores que podem ser menos impactados.

A carteira, que costuma ficar concentrada em 10 a 15 nomes, agora tem cerca de 30. “Como surgiu muita oportunidade, a gente decidiu diversificar um pouco mais de forma a minimizar o risco já que não se sabe qual vai se sair melhor nesse cenário. Vai ser um dia de cada vez”, diz Paiva.

Na liderança de aumento de cotistas na crise, aparece o Perfin Equity Hedge, mas o incremento de 7 mil investidores vem da união de duas carteiras, explica a sócia Carolina Rocha.