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9 de dezembro de 2020

Contra fluxo não há argumentos: o que três gestores esperam para 2021

Mario Torós, da Ibiuna, Paolo Di Sora, da RPS, e Marcos Peixoto, da XP Asset, disseram o que esperam para o ano que vem.

 

O mercado financeiro já está olhando para 2021. E como vai estar o mundo no ano que vem? Cheio de dinheiro.

O momento é extremamente oportuno. 2021 vai ser um ano com muita grana, que foi proporcionada ao longo de 2020 através das políticas fiscais”, disse Mário Torós, gestor da Ibiuna Investimentos, no encerramento do evento “Brasil 2021 em Debate”.

Torós esteve ao lado de outros dois gestores: Paolo Di Sora, da RPS Capital, e Marcos Peixoto, gestor da XP Asset, com mediação do apresentador do Stock Pickers, Thiago Salomão.

A seguir, a visão geral de cada um está abaixo (ou no vídeo acima).

Para Torós, o mercado começou a precificar um novo mundo. “Na vida real, temos uma segunda onda, de forma bastante clara. Só que do ponto de vista de mercado é um mundo com muita grana dos Bancos Centrais e que já está colocando nos preços o processo de vacinação”, afirmou o gestor da Ibiuna.

Em relação à Bolsa brasileira, Torós se diz neutro e bastante cauteloso por causa do cenário macroeconômico que se instalou na pandemia e que será difícil de reverter no pós. “Não é que eu esteja pessimista em Brasil, mas vejo a alocação de risco em outros países mais interessante”, disse.

Mas, dito isso, temos que reconhecer o fato de que contra fluxos não há argumentos: existe um fluxo procurando retorno, a bolsa brasileira está bem barata frente a outros mercados. Quando o vento ajuda, até galinha voa”, completou Torós.

Já Paolo Di Sora, gestor da RPS, está mais voltado a um setor específico para 2021, e que já mostrou bons sinais no fim deste ano: commodities.

Vimos neste ano o cheque sendo impresso mundo afora. Isso é a economia real, demanda por materiais básicos e commodities. Há um mini superciclo de commodities. Ainda são as mais baratas da Bolsa”, afirmou Di Sora.

E como essa visão se reflete na carteira da RPS? Em um parágrafo, Di Sora respondeu assim:

Cobre e níquel já estão relativamente mais caros que o minério de ferro. Gostamos de petróleo e montamos uma posição recente em papel e celulose, cujo preço está no seu preço mais baixo. As empresas estão mais caras mas elas têm uma pegada mais ESG. Ou seja: temos um pouco de tudo, com foco maior no petróleo e no minério”, afirmou o gestor da RPS.

Marcos Peixoto, da XP Asset, vê as condições para ativos de risco positivas. “O mercado vai continuar tendo surpresas positivas nos resultados, afirmou.

Para o gestor, a Bolsa brasileira ainda pode subir mais. “No Brasil, muito dessa alta de 100 mil para 115 mil não foi muito bem uma alta, foi uma pernada de Petrobras, Vale e bancos. Eles eram patinhos feios que não fizeram nada mais do que alcançar outros ativos”, disse Peixoto.

Vamos lembrar que Vale é uma empresa dolarizada: enquanto ela está subindo 20% em dólares, o minério já quase dobrou de valor. A Petrobras também é pior: está bem abaixo dos patamares pré-crise em dólares (de US$ 15 para US$ 10). Bradesco e Itaú ainda não voltaram aos patamares de janeiro”, afirmou.

Sobre a carteira de ações, Peixoto destacou a Eletrobras. “Colocamos um pouco de lucro com Vale e bancos no bolso, mas seguem importantes. Eletrobras é uma posição que gostamos bastante. Quando passar a eleição na Câmara e Senado, o assunto privatização pode andar. O texto está pronto, e além disso é um case com baixo downside”, afirmou.

Segundo Peixoto, a XP Asset ainda tem posições em Via Varejo, CCR e na Rede D’Or, que divulgou os valores de seu IPO ontem e deve começar a ser negociada em Bolsa amanhã.